sexta-feira, 13 de março de 2015

Quando a gente quer...



   Quero tanto chegar até ti. Ultrapassar a barreira que me permite decifrar-te. Olho-te nos olhos e acreditas que não o consigo fazer? Não consigo decifrar a intensidade do teu olhar. Sinto a tua respiração ficar mais ofegante quando me aproximo, vejo as alterações de volume na tua caixa torácica, sinto que estremeces quando encosto os meus lábios quentes aos teus e adoro o jeito como te contorces e arrepias quando sussurro algo no teu ouvido. Mas acreditas que ainda não consegui interpretar o que sentes? Será que me sentes? Será que sabes, quando te olho, o que diz o meu olhar? Será que sabes que te quero todos os dias e não só na minha cama? Mas sim na minha cozinha, na minha varanda e na minha vida. O meu lado emocional diz que o sentimento é mútuo. Pelo menos eu quero acreditar que sim. Mas o meu lado racional diz que isso são apenas estímulos ao meu toque; diz que a entrega é apenas carnal. Quero acreditar que não. Não pode ser apenas prazer. O pequeno almoço na cama não é algo que se prepare para qualquer uma. É? Um beijo demorado não é de alguém que está com pressa para sair. Será? Mas a razão (essa maldita!) diz-me que quando a gente quer, a gente demonstra. Quando a gente quer, a gente corre atrás. Quando a gente quer, a gente fica. E a verdade é que não estás aqui agora...

Soraia Silva


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Sinto a tua falta




   E hoje só queria poder voar até ao outro lado do mundo para estar ao teu lado. Para ter o teu abraço, o teu calor, o teu carinho, o teu beijo. Não é qualquer abraço, é o teu. Sinto a tua falta. Falta de me aconchegar no teu abraço e sentir a tua respiração na minha face. De me sentir protegida apenas por estar envolvida nos teus braços. Falta de sentir o calor dos teus lábios e a sensação de um calor percorrer todo o meu corpo, deixando uma sensação de "borboletas no estômago" que dura um dia inteiro.Hoje só o teu beijo me iria confortar. Hoje só quero a tua presença e o teu sorriso. Adoro o teu sorriso. Amo as nossas conversas, as nossas gargalhadas juntos, as nossas provocações e as nossas brincadeiras. Hoje quero-te aqui. Demoras?

Soraia Silva

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Benji



   Hoje decidi escrever algo sobre o meu pequeno, o meu mimado, o meu melhor amigo. A maioria das pessoas não entendem o que é amar um animal. Para muitas ainda existe aquele estereótipo de que um cão serve apenas para guardar a casa, para impor respeito. Entendem que ter um cão: "dá estilo", "dá pausa". Mas quando se trata de dar carinho e afeto ficam muito aquém. Acham que nada lhes falta por colocar uma taça de ração e água à frente, para as necessidades diárias.
   Pois eu posso dizer que amo o meu. Aquele amor verdadeiro que cresce com uma intensidade que não é decifrável em palavras. É algo que se sente e se expressa por gestos, preocupações. Será um amor para sempre. Amo o meu cão. Sim, não gosto. Amo. Amo-o mesmo quando me tira do sério, quando faz travessuras e me vira a casa de pernas para o ar. Amo-o quando está quieto, quando quer brincar e quando me cobra por atenção. Amo-o quando me enxuga as lágrimas ou quando me dá um beijo de bom dia. Amo-o quando me recebe ao chegar a casa, tenha eu me ausentado por 5 minutos ou 5 horas. Amo-o nos dias tristes, nos dias felizes, nos dias quentes e nos dias frios. Amo-o com todo o meu coração. Amo-o para sempre. E esta é das mais simples formas de amar. Amo-o porque sim e sem qualquer explicação.

Soraia Silva

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Aquele olhar



   Não finjas que não reparaste porque sei que notaste a forma como olhei para ti. E sei que sentiste o meu suspirar quando me colocaste a mão na cintura, para me amparares. Provavelmente sentiste também a minha respiração a alterar-se, e sei que aquele teu sorriso se deve a isso mesmo. Sabes que mexes comigo e gostas dessa sensação. Sei que notas que, cada vez que me olhas, eu desvio o olhar. E sei que observas o meu sorriso bobo quando isso acontece. Sei que percebes o meu jeito atrapalhado quando me diriges a palavra. Irrita-me a forma como mexes comigo! Como tens poder sobre mim, sem eu mesma me aperceber. Fico tola na tua presença. Sim, tola. Não arranjo melhor palavra para descrever o estado atónito e embasbacado que fico quando estás por perto. Fico hipnotizada quando te vejo. Acabo mesmo por ficar sem reação, imóvel, estática. Pelo menos, é assim que me sinto. Tenho a sensação que os meus movimentos saem em câmara lenta. E ao mesmo tempo que passam apenas uns segundos até tu desapareceres, e eu ficar com a sensação que me escapaste por entre os dedos. Sempre me considerei uma mulher segura e com atitude, mas ao pé de ti sinto-me uma menina. Envergonhada, assustada, sem saber exatamente o que fazer ou o que dizer. Tu sabes que quando passas, inevitavelmente, o meu olhar segue na tua direção. Tanto que hoje, ao aproximares-te de mim, os nossos olhares cruzaram-se com uma intensidade tal que senti-me a corar no mesmo instante. E o sorriso que fizeste. Ah! Aquele teu sorriso... Derreto-me com ele. Sabias? Ainda estou a tentar decifrar o que se passa na tua mente. Se eu te olhar, consegues ler a minha?

Soraia Silva

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Um pedido a Deus





 

   Este ano prometi a mim mesma que não iria fazer "a lista". Aquela interminável lista de coisas a fazer durante o ano. Com a idade começo a perceber que as coisas não são tão lineares assim. Com as experiências do último ano aprendi, duramente, que por mais que a gente queira uma coisa e lute por ela, sempre haverão obstáculos com os quais não estaríamos a contar. Esses obstáculos, por vezes, são suficientes para nos desviarmos do nosso caminho. Cabe a nós termos força suficiente para lidar com eles, contorná-los e apaziguar a poeira gerada. No entanto, sempre haverão situações sem luta possível. A tristeza de perder alguém dominou grande parte deste ano. Sentir-me impotente e perdida perante a minha família por nada poder fazer para acalmar a dor causada. 2014 seu cabrão, trouxeste a dor eterna a alguém que amo muito. Meu irmão, meu mano velho. Choro cada vez que, no teu olhar, vejo a tua tristeza; choro por saber que sofres; choro por não poder trazê-la de volta. Engraçado que a mim raramente me faltam as palavras para expressar o que sinto, e neste momento estou bloqueada a olhar para o papel, a tentar achar as palavras certas, a força de que careces, o carinho e amor que precisas. Ainda assim, as palavras são escassas então resta-me estar do teu lado, apoiar-te, fazer-me presente e não te deixar sentir sozinho. O tempo não irá fazer-te esquecê-la, mas aos poucos, acredito, (tenho de acreditar) que irás te sentir melhor, que essa dor vai ficar menos intensa e irás voltar a sorrir. Tenho saudades do teu sorriso. Já te disse isso este ano?
   Ao contrário da minha habitual lista, este ano de 2015 faço um pedido a Deus: Que tragas a felicidade a cada dia em pequenas coisas; que me possas incutir valores e bons sentimentos, apesar das adversidades. Que me dês a força suficiente para enfrentar cada dia e que eu possa sorrir sempre. Que cada pôr do sol leve as desilusões desse dia e que cada amanhecer seja uma nova oportunidade de recomeçar.

Soraia Silva

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Pequenas coisas




   O inesperado, por vezes, traz-nos boas surpresas. Num período em que a tempestade teimava em demorar-se, a esperança de dias melhores não era se não um ponto de ligação entre o desejo e a necessidade. Dias compridos , fartos, cansados. Dias iguais de coisas sem importância. Dias em que ficar parada a olhar o vazio não me faria qualquer diferença. Dias que se pudesse dormir o dia inteiro, então melhor. Até que um dia o amanhecer se torna diferente. O Sol espreita pela janela e apesar dos 4ºC que se fazem sentir lá fora, a intensidade dos raios aquece o quarto. Vou até à cozinha, descalça, e pelo som dos meus passos a ranger no soalho percebo que a minha atenção, o meu pensamento, começa-se de novo a prender nas pequenas coisas. Hoje não acordei a pensar em ti. Não foste o primeiro pensamento do meu dia, como ontem também já não foste o último. Aos poucos, os meus dias começam a ganhar de novo o sentido normal. Começo a ter interesse novamente por sair, por me arranjar, por conhecer novas pessoas. A mulher desgostosa, que tem prevalecido estes últimos meses, começa aos poucos a desaparecer para dar lugar novamente à pessoa que sempre fui. Porque há um limite para o sofrimento, e eu já atingi o meu.

Soraia Silva

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Café da manhã

 


   Todos os dias ela voltava ao sítio onde, outrora, tomavam juntos o café da manhã. Onde anos a fio começava o dia para ambos; as primeiras palavras do dia, o incentivo para algo novo, os queixumes da noite anterior ou os planos para o fim de semana. De segunda a sexta, sem ressalva, bebiam o elixir de energia que os iria fazer aguentar a correria do dia; para depois se aninharem em abraços e carinhos no regresso a casa. Todos os dias, sem exceção, ele chegava a casa e dava-lhe um beijo demorado.
   Hoje ela vem sozinha, trás na mala o livro que a tem acompanhado ao longo dos últimos meses. Hoje, apesar do frio, há algo de reconfortante ao olhar lá para fora; o ruído sufocado dos carros, o barulho familiar da máquina do café, o tilintar das chávenas e o tumulto das pessoas ainda soava igual. Aquela habitual correria da manhã, de entradas e saídas, fê-la sentir-se acompanhada. Esse conforto aqueceu-a e preencheu o vazio deixado anos atrás, quando Liam resolveu partir sem data de regresso.
   Esse sentimento veio como que uma lufada de ar fresco, carregada de esperança e novas ideias. Uma mudança interior que há muito ansiava, um apagar do conta quilómetros, um recomeçar do zero.
   Porque lá no fundo, ela sempre esperou que ele voltasse. Nunca foi uma mulher de desistir do que quer, mas ninguém insiste para sempre. É chegado o momento em que a fadiga acaba por nos vencer.

Soraia Silva